sábado, 14 de maio de 2011

Reabilitações



Trago lágrimas, sorrisos, histórias, abraços... trago momentos felizes, momentos de decepção. Carrego pessoas, amores e desamores, amigos e inimigos, desafetos, paixões... Não sou um livro aberto, mas também não tão fechado que você não consiga abrir, basta ter jeito, saber tocar as páginas, uma a uma, e descobrirá de que papel é feito cada uma delas.

Caio Fernando de Abreu

Não sei se sorrisos ou lágrimas, mas os dias tem muito desse mister de sentimentos. Ando tão confusa, escolhas que devo fazer atordoam a minha cabeça. Já não basta tanta tralha velha, e ferrugem nas gavetas, a saudade ainda tenta ranger em meu peito. Não encaro as decepções como castigo, digo a mim mesma: abstraia as lições, menina!
A vida exige-me que cresça, e dói, dói tanto, acontece que eu sei a hora de partir, e não é fácil encaixotar as memórias, mesmo quando elas existem tão vivas aqui dentro. Contudo é necessário partir para o sol nascer, e talvez, esse mesmo horizonte me traga Bernard, numa época tão distante que meus cabelos embranquecidos se esquecerão de como era sua face. A face mais bela que vi. Eu preciso dormir umas longas 12 horas no mínimo, pra sanar o cansaço que meu corpo sente da rotina que me explora, porém que antes do fim do ano isso não será possível jamais, preciso de um chá cidreira ou de um café bem quente, algo que me queime por dentre, queime os meus pensamentos.

Evelyn Collaço

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Olvidar



''Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue seu para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.”

Caio Fernando De Abreu

Sempre me perguntei, quando eu deixaria de existir dentro de Bernard. Eu sempre quis, desde agora, que ele não mais existisse em mim. E eu vou caminhando, tentando matar os pedaços que restam em meu corpo. E chegará um dia que afiada nisso, eu enfim o terei esquecido, como uma ferida que só latejará nos dias de chuva, estes que nunca, nunca hão de deixar pra trás a nostalgia que carregam.


Depois, eu desligarei as luzes dessa tela, e me farei esquecer de cada palavra que escrevi aqui, ali, em mim. E eu sei bem, como fazer isso, os olhos de ''XYZ'' confortam-me nessa bravura do mar.