quarta-feira, 4 de maio de 2011

Olvidar



''Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue seu para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.”

Caio Fernando De Abreu

Sempre me perguntei, quando eu deixaria de existir dentro de Bernard. Eu sempre quis, desde agora, que ele não mais existisse em mim. E eu vou caminhando, tentando matar os pedaços que restam em meu corpo. E chegará um dia que afiada nisso, eu enfim o terei esquecido, como uma ferida que só latejará nos dias de chuva, estes que nunca, nunca hão de deixar pra trás a nostalgia que carregam.


Depois, eu desligarei as luzes dessa tela, e me farei esquecer de cada palavra que escrevi aqui, ali, em mim. E eu sei bem, como fazer isso, os olhos de ''XYZ'' confortam-me nessa bravura do mar.







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